Três tipos de intertextualidade da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. A primeira, paráfrase.
Canção do
exílio
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui
gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais
estrelas,
Nossas várzeas têm mais
flores,
Nossos bosques têm mais
vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à
noite,
Mais prazer eu encontro
lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem
primores,
Que tais não encontro eu
cá;
Em cismar – sozinho, à
noite–
Mais prazer eu encontro
lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu
morra,
Sem que eu volte para
lá;
Sem que desfrute os
primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
Carlos Drummond de Andrade
resolveu fazer uma paráfrase (tipo de intertextualidade) do poema de Gonçalves
Dias, onde reproduziu parte do texto original com palavras diferentes, mas
mantendo o mesmo sentido do poema de Gonçalves.
Nova Canção
do Exílio
Um
sabiá
na
palmeira, longe.
Estas
aves cantam
um
outro canto.
O
céu cintila
sobre
flores úmidas.
Vozes
na mata,
e
o maior amor.
Só,
na noite,
seria
feliz:
um
sabiá,
na
palmeira, longe.
Onde
é tudo belo
e
fantástico,
só,
na noite,
seria
feliz.
(Um
sabiá,
na
palmeira, longe.)
Ainda
um grito de vida e
voltar
para
onde é tudo belo
e
fantástico:
a
palmeira, o sabiá,
o
longe.
Carlos Drummond de Andrade
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