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Mostrando postagens de maio, 2018

RELAÇÃO INTERTEXTUAL ENTRE ARTES: POESIA RETRATO, DE CECÍLIA MEIRELES E PINTURA AS VELHAS, DE GOYA

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É evidente a existência de uma relação entre as diferentes manifestações da arte. “Pintores, escultores, músicos, poetas, são levitas do mesmo templo. Servem, senão ao mesmo deus, pelo menos a divindades congêneres”. A correspondência entre pintura e poesia vem desde os tempos remotos e é alvo de pesquisas de vários estudiosos,Durante séculos, pintores buscaram suas inspirações nos temas literários e poetas tentaram pôr no papel – por meio das palavras – as imagens que as artes visuais ofereciam. Mas, mesmo sendo muito próximas, a literatura e as artes visuais, bem como a música. A seguir, destacamos o poema Retrato, de Cecília Meireles Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou ...

Citação de Caio Fernando de Abreu na canção do duo Anavitória

Anavitória é duo de cantoras as quais representam grandemente a simplicidade da nossa MPB (Música Popular Brasileira). Contudo, além de cantarem, também compõem as próprias músicas e assim foi com "Fica", uma música lançada em meados de 2016. Trazendo à tona, mais uma vez, o romantismo visto em suas composições, as cantoras fizeram uma intertextualidade quando citaram Caio Fernando de Abreu e sua obra "Mel e girassóis" em "Fica". Este livro é muito conhecido na literatura Brasileira e traz uma série de significados para os que já o leram por descrever o casal romântico retratado na canção. Outra intertextualidade ocorre num pequeno trecho de Caio, conhecido por "Nós", que retrata um casal não quer se soltar de maneira nenhuma, querendo sempre a pessoa amada por perto, que sejam um nó que não desata. Assim como na música há a súplica para que a pessoa amada fique, e queira ficar com todos os detalhes do(a) parceiro(a), mesmo sendo um...

Exemplos de paródia e paráfrase em artes plásticas

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Podemos encontrar intertextualidade não somente em textos, na literatura, e até mesmo nas artes, ela é persistente, como no quadro Mona Lisa de Da Vinci, onde podemos encontrar inúmeros exemplos de paródia e paráfrase dessa obra tão famosa. Vejamos o exemplo: Mona Lisa , Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503. Mona Lisa, autor desconhecido. Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919. Temos aqui, dois exemplos de paródia, onde podemos perceber o tom humorístico e crítico envolvidos, a ideia original do texto foi alterada, tratando-se assim, de paródias. Obra do Museu Madame Tussauds, em Amsterdã. Juliana Paes em "Casa da mãe Joana 2". Já essas obras são paráfrases, não apresentam caráter cômico ou irônico, fazendo referência à obra Mona Lisa, sem haver alteração da ideia original do texto. Por último, também podemos encontrar um exemplo de paráfrase da obra, na canção "MonaLisa" de Jorge Vecílio. A seguir um pequeno trecho: ...

A terceira intertextualidade. Citação.

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A citação é uma intertextualidade que ocorre quando um autor transcreve um trecho de um texto de outro autor no próprio texto.  Geralmente, a citação é marcada pelo uso de aspas. Aqui uma tirinha super fofa com o texto de Gonçalves Dias. Vejam: Fonte: https://descomplica.com.br/blog/portugues/4-tipos-de-intertextualidade-que-voce-encontra-para-a-cancao-do-exilio-e-1-exemplo-de-como-isso-pode-ser-cobrado-no-enem/

A segunda intertextualidade da Canção do Exílio, Paródia.

Murilo Mendes, poeta modernista, alterou o sentido do texto original, deu um tom mais crítico à poesia e colocou uma pitada de ironia. Essas são características de uma paródia . Vejam: Canção do exílio Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam  gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade! Murilo Mendes Fonte: https://descomplica.com.br/blog/portugues/4-tipos-de-intertextualidade-que-voce-encontra-para-a-cancao-do-exilio-e-1-exemplo-de-como-isso-pode-ser-cobrad...

Três tipos de intertextualidade da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. A primeira, paráfrase.

Canção do exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Gonçalves Dias Carlos Drummond de Andrade resolveu fazer uma paráfrase (tipo de intertextualidade) do poema de Gonçalves Dias, onde reproduziu parte do texto original com palavras diferentes, mas mantendo o mesmo sentido do poema de Gonçalves. Nova Canção do Exílio Um sab...

Analise de intertextualidade na poesia

Há uma ligação clara entre o poema de Carlos Drummond de Andrade e Adélia Prado. Agora, ó José É teu destino, ó José, a esta hora da tarde, se encostar na parede, as mãos para trás. Teu paletó abotoado de outro frio te guarda, enfeita com três botões tua paciência dura. A mulher que tens, tão histérica, tão histórica, desanima. Mas, ó José, o que fazes? Passeias no quarteirão o teu passeio maneiro e olhas assim e pensas, o modo de olhar tão pálido. Por improvável não conta O que tu sentes, José? O que te salva da vida é a vida mesma, ó José, e o que sobre ela está escrito a rogo de tua fé: “No meio do caminho tinha uma pedra” “Tu és pedra e sobre esta pedra”. A pedra, ó José, a pedra. Resiste, ó José. Deita, José, Dorme com tua mulher, gira a aldraba de ferro pesadíssima. O reino do céu é semelhante a um homem como você, José. (Adélia Prado.  Bagagem . São Paulo: Siciliano, 1993. p. 34) Para compreender o texto de Adélia, é necessári...